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terça-feira, março 20, 2007

"Bonito isso né? Eu li num livro!"

"O "pequeno" para o português, é, na realidade, o que para outros povos represeanta o "médio". É no meio dos pequenos objectos que ele se sente mais à vontade, é neles que investe enchendo a casa de mil bibelôs, fotografias, cobrindo as paredes com coisas pequenas, quadros, cromos, ex-votos, etc.

O "pequeno" representa o tamanho perfeito, adequado ao seu investimento afectivo. Alvo electivo da sua ternura, tamanho fétiche que apela ao seu carinho irreprimível, o pequeno contém em si as pontencialidades de expressão que dele naturalmente decorrem e que depois se tranferem para todos os adjectivos e nomes próprios: pequenino, pequenito, pequerrucho, etc. Como se o pequeno fosse a raíz dos diminutivos afectivos, a essência que percorre o conjunto inteiro das nuances dos "inhos" e "itos" declinando as inúmeras espécies da prquenez.

O portugês revê-se no pequeno, vive no pequeno, abriga-se e reconforta-se no pequeno: pequenos prazeres, pequenos amores, pequenas viagens, pequenas ideias ("pistas"... que se abrem aos milhares de pequenos ensaios). (...) O português habita uma espécie de bola de afecto que faz com que cada separação mínima de um ente querido pareça enorme, longa e longínqua. Separar-se um dia. doi, uma semana ou mesmo umas horas pode suscitar uma dor intensa, uma imensa saudade. Aquela tia que ficava a dizer adeus, adeus, adeus, abanando sem fim o lenço à janela para a sobrinha que ia todas as manhãs para o trabalho, pelo passeio, até ao virar da esquina... Pequenos mundos: daí a visão curta, a repulsa intintiva pelos projecto a médio e longo prazo, a territorialização gregária. (Outro exemplo: os milhões de telemóveis utilizados pelos portugueses).

A pequenez é a negação do excesso, e a nossa maneira de "estar certo" ou "ser certinho" - o nosso "justo meio". Finalmente, o ser pequeno é a estratégia portuguesa de permanecer inocente, continuando criança."

José Gil, "Portugal, hoje - O medo de existir"

Acabei de ler esta passagem neste livro (vou a meio) e não resisti a por no blog para ficar para a posteridade... senti a verdade de uma maneira que antes não tinha visto, ou melhor, percebido... ser criança é bom... é óptimo, mas crescer é preciso... é essencial...

2 comentários:

Ana C. disse...

uau! so true :)
beijocas com saudadocas****

Ana disse...

Eu que estou longe vejo isso no que se refere a saudade e eh mesmo assim, os emigrantes portugueses sao tao diferentes das outras comunidades aqui, levam muito a serio a perpetuacao da lingua pelas geracoes seguintes, fazem tudo para que os filhos e netos que praticamente ja nem falam portugues e ja nada teem a ver com a terra dos avos nao cortem o cordao que os une aquele pais tao "pequenino" mas tao presente.
Um desses emigrantes sou eu!