quarta-feira, setembro 07, 2005
O cordeiro Joca
Pois é hoje é a vez do Joca...
Ao pensar que histórias contar aqui neste canto... e depois de ter falado do Joca no post anterior, apercebi-me que muitas das histórias que me lebro da minha infancia nao teem um final lá muito feliz... e fiquei dividida, se contava já a historia do Joca ou se vos contava outras e mais tarde esta... Decidi que se vamos falar de coisas tristes mais vale faze-lo logo de uma vez... por isso aqui vai...
O facto de o meu pai ser médico e vivermos num sitio que embora nao seja aldeia remota também nao é nenhuma metropole tem certas vantagens... Para além de termos o padeiro a deixar pao fresco todos os dias, de trocarem-se animais com os vizinhos existem sempre uns dias em que doentes do meu pai vao lá a casa deixar uma lembrancinha ao "Senhor Doutor"... Ora muito bem, a maior parte das vezes, é uma garrafa de uma bebida alcoolica qualquer como wisky ou vinho do porto (é claro que os doentes nem se apercebem que as unicas coisas que ainda se vao bebendo lá em casa é cerveja e o ocasional vinho, mas os amigos que sao recrutados de tempos a tempos para ajudarem a dar cabo de algum do stock nem se importam), mas existem alturas em que veem trazer animais: galos, galinhas, peixe, marisco, cordeiros... vivos e mortos...
Dos muitos animais que entraram lá em casa por esta "via" sem duvida o que mais me marcou foi o Joca... O Joca era um cordeirito que foram levar lá a casa... ainda novo que andava sempre atrás de nós... e nós deixavamos o Joca andar por todo lado, até porque os caes que tinhamos na altura nao lhe faziam mal...
Nao sei que idade tinha quando o Joca estava lá em casa, mas sei que adorava ir ter com ele e dar-lhe festinhas... falar com ele... coisas que uma crianca fazia...
O tempo passou e o Joca foi crescendo, tenho que dizer que sempre tivemos muitos animais, alguns de estimacao outros para comida, e eu sempre pensei do Joca como um animal de estimacao... Um dia o Joca desapareceu... eu fiquei muito triste mas os meus pais disseram-me que como o Joca estava a ficar muito grande e nós nao tinhamos um sitio apropriado para ele ficar, que o tinham dado a um vizinho que tinha estabulos onde ele podia ficar... eu fiquei logo toda contente e juro que imaginei o Joca com outros cordeiros na nova casa.... e assim a hostoria ficou... por uns tempos...
No dia de Natal a tradicao lá em casa é comer ou ovelha ou cabrito assado no forno (nao se esquecam do cabrito que esse é tema para uma historia que me fez ficar vermelha que nem um tomate e nao foi quando era crianca... fica prometida a historia para o proximo post)... No dia de Natal após a ida do Joca para a casa nova comemos ovelha ao almoco... mas eu estava mesmo completamente ignorante da verdade...
Ora a minha irma sempre foi muito espertinha, e adorava ser bem traquina... Depois do almoco foi ter com a minha mae e assim em jeito de confidencia pergunta-lhe assim:
Taina: "ó mae a ovelha que nós comemos era o Joca nao era?"
Mae: "era filha, mas nao digas nada a tua irma que ela ia ficar muito triste está bem?"
Taina: "está bem!"
Após esta conversa pelo que me contam, a minha irma saiu logo a correr para a sala onde eu estava... a minha mae diz que só sabe que menos de 1 minutos depois eu sai da sala a correr e a chorar a dizer: "Comemos o Joca!!!!"...
O que se passou na sala é que a minha querida irma chegou ao pe de mim e disse:
Taina: "Ó Ana sabes quem é que comemos ao almoco????"
Ana: "ha? Quem?"
Taina: "o joca!!!!"
E claro que eu que adorava o cordeiro desatei a chorar... Esta historia até hoje é contada quando queremos ilustrar a traquinice da minha irma... Eu acho que nunca cheguei a ficar chateada com ela por causa de me ter dito... tambem em crianca estas coisas passam rápido nao é?
Bem e aqui fica a morbida historia do Joca... agora se quiserem deixar de ler este blog porque se tornou demasiado morbido compreendo... mas nos meus planos nao tenho mais nenhum post nos proximos tempos que envolva mortes de animais fofinhos...
Nao percam o proximo episodio porque nos tambem nao!!!
Jokas
Ana
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17 comentários:
Tão triste! Mas não vou deixar de ler.
Beijos
Aiii...temos que começar a trazer lencinhos de papel...!!! buáááá
As criancas conseguem ser mesmo mazinhas!
Fico a aguardar ansiosamente a historia embaracosa do cabrito, hehe!
Bjinhs,
Rita
É sem duvida uma história triste. Houve uma altura em que me aconteceu algo do género. Não cheguei bem a afeiçoar-me ao animal (um vitelo), mas achava-lhe muita piada. Quando o mataram e ele veio para nossa casa aos bocados, deixei de comer carne de vaca. Mas foi mesmo pelo facto de ter enjoado...
Beijocas e quero ler a outra história!
Bom depois destas histórias com final triste mas que fazem parte da vida cá fico à espera de histórias com final feliz!
beijocas
kikas
Mt deturpada!! lol
Da primeira vez a mamã não me disse, e à segunda ela disse-me, mas que eu n dissesse à mana.
De facto fui a correr ter ctg e entraste na sala a dizer q tinhamos comido o joca.
A mamã vira-se para mim e pergunta "foste contar à tua irmã que era o joca?"... e eu disse-lhe que não te tinha contado, que só te tinha perguntado se sabias quem tinhamos comido ao almoço (não dei resposta... isso já foram os teus neurónios brilhantes e precoces que lá chegaram!)
1º obrigada pela tua visita ao meu blog
2º Apesar do final triste não posso deixar de me rir com a tua história do Joca, afinal a recordação das traquinisses de infancia das manas e a parte das prendinhas ao Sr. Dr. tem a sua piada!
e sabes que mais? acho k cheguei a conhecer o Joca! :)
Bjs
Hehehehe.... sem duvida das melhores historias da nossa taina!!!
beijinhooooo
Fizeste-me lembrar a história da Porca Roca que deu uns belos presuntos e demais enchidos, qualquer dia conto!;-)
Isto é que vai uma mortandade animalesca por aqui, deve ser do fim das férias;-)
Beijos
Que história tão cruel...
Também me aconteceu o mesmo, uma vez mas foi com um galo. O meu Cantante.
Oh linda, outra história triste?!?
vamos lá a escrever uma com um fim alegre...
Vou-te confessar: não como carne de animal algum... respeito a diferença, claro, mas faz-me impressão matar para comer.
Beijocas grandes
Que mana mázinha!! Por essas e por outras é que me recuso a comer alguns bichinhos...
coitadinho do joca...deves ter ficado msm triste...ele era tão fofinho.
esperarei por mais histórias :)
bjs****
Mais uma história com final um pouco triste.
Fico á espera de uma um pouco mais alegre... loll
Beijinhos
eheheh àparte da morbidez, que não vai ser motivo para deixar de cá vir, já vi que a tua mana é mesmo do piorio... ahahah
Tenho 3 boas como resposta:
1 - Umas priminhas minhas cujos pais vivem da agricultura sempre viveram assim com animais, e claro que os mais lindinhos eram (e sao!)quase de estimaçao.
Um ano na páscoa, tinham cartazes de manifestaçao pela quinta e casa toda!!! promovendo "salvem os cabritinhos! nao os matem! nao vamos come-los"
Claro que as visitas (nós) comemos outrso, comprados :oP
2- Quando uma delas era bébé, adorava e brincava com um cabritinho. A minha tiua matou-o e ela descobriu mas reagiu mto bem!!! uahu! estranho.... mas no dia seguinte, quando o vi esfolado, aí sim, a pequena percebeu e... imaginas, né?!
3- Estava eu de férias nessa tal quinta... a minha avó perguntou-me: "gostas de arroz-de-molho-pardo (cabidela!)?"; eu: "sim, adoro!"; avó:"sendo assim vou dizer à gloria p matar 2 galinhas!"
AAIII!!! Chorei, nao comi, e ainda tive de ouvir a minha mae: "Isso é que é pecado.. matá-las e nao as comer!Foi pra isso que morreram!"
Aiiiii.. e eu que gostAVA tanto desse arroz :o(
BJS!
Adorei a tua historia.. mesmo de final triste! E que belas(más!!) recordaçoes ;o)
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